quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Atividade para a Revista Eletrônica -

Entrevista: Prof. Leônidas Nascimento

“Nossa Língua é Nossa Pátria. Somos o Produto daquilo que lemos”


Biografia:
Professor com Licenciatura Plena em Língua Portuguesa, Literatura Brasileira e Redação com Pós-graduação e Mestrado pela Universidade de Pernambuco.
Autor de setenta e oito monografias, onze teses, dois livros de crônicas, três livros de poemas e dezenove artigos publicados em Jornais da Região.
Professor da Rede Municipal de Ensino há trinta anos e Professor de Literatura na Universidade de Pernambuco. Autor de vários projetos, entre eles: A Arte Divina de Declamar, Programa EDUCOMRÁDIO, transmitido pela Rádio São Francisco. Tutor de palestras e Cursos Técnicos. Proprietário do CBP – Curso Básico de Português com o Laboratório de Redação – Escrever sem doer.

Nova Era da Educação: Em sua Opinião de que maneira é visto os Cursos de Graduação à distância? E que tipos de argumentos você usaria em sua defesa?
Professor Leônidas: Não vejo com bons olhos. Em se tratando de aprendizagem. Entretanto, acredito naqueles alunos que não apenas ouve, mas aqueles que vêem e voltam a repetir a mesma ação todos os dias, em semanas seguidas e em meses até a conclusão. Creio que ao término de um curso a distância, posso assegurar que somente os alunos que buscam somar conhecimentos através de pesquisas e leituras constantes possam em defesa de seus conhecimentos, assegurarem a aprendizagem dos Cursos à Distância.
NOVA ERA: Mediante a sua graduação, o que você nos diria, já que estamos cursando Letras, em termos de estudos da Língua, já que se sabe que é o ponto chave para o sucesso?
Professor Leônidas: Como diz o Poeta: nossa Língua é Nossa Pátria... Diria eu que é através dos signos lingüísticos, das varias modalidades que sustentam o nosso idioma, é que existirá a verdadeira comunicação entre os homens. Se não fosse a multiplicação, o homem do século XXI ainda estaria inerte no tempo. Que bom seria se todos os brasileiros estudassem diariamente as entrelinhas que sustentam a nossa Língua Portuguesa. Fala-se muito que nossa língua é difícil, no que contesto. Nossa língua é uma constante variável, por que somos o produto daquilo que lemos, mas lamentavelmente não adquirimos o gosto pela leitura, e como conseqüências não saberão no futuro próximo escrever a nossa própria história, o que é lamentável. O sucesso dos seres humanos, só depende de nós mesmos. Uns buscam, outros esperam e outros, como diz a poetisa Cecília Meireles “Nem isto, nem aquilo”.
NOVA ERA: De uma maneira geral como você vê o uso da norma para a Língua Portuguesa?
Professor Leônidas: Vivermos numa corrida vertiginosa atrás da sobrevivência. Isto é um fato. Porém nem por isso devemos desprezar “normas” que desencadeiam a nossa língua mãe. Se observarmos com cuidado, tudo aquilo que permeia o ser humano é cheio de normas. Elas quando absorvidas por pessoas com opinião formada são quase que obrigatórias porque norteiam um caminho não necessariamente absorvê-los todas ou aceitá-las todas. Dentre elas aquela que podem nos fornecer questionamentos apraz capazes de nos fazer crescer como cidadãos formadores de nossa própria opinião fugindo da couraça de opiniões de outrem.
NOVA ERA: O mundo passa pelo processo de globalização, como você vê a função da Língua Portuguesa?
Professor Leônidas: “Fosse eu, Vieira, o Padre diria poucas e boas a quem inventou tão apressadamente a Globalização. Depois da internet acabou-se a leitura através da pesquisa. Quem não lê não se torna culto. Este chavão é bastante anacrônico, isto é fora de moda, mas não abro mão da leitura de um bom livro, sem esquecer os recursos que nos torna mais capazes de argumentar, de nos defender, por fim de darmos o nosso parecer sem “copiar” as idéias alheias, o que se torna pobreza de argumentos e falta de um vocábulo próprio. Com os e-mails acabaram-se os bilhetes, cartas, aonde os sentimentos eram escritos de forma legível, sem abreviaturas, o que condeno veementemente. Na velocidade da comunicação globalizada, o aluno estudante já não mais escreve o que sente, apenas responde as perguntas vazias que atropelam a nossa língua. Você, pronome de tratamento respeitoso, que comunica bem próximo, já é grafado pelos internautas por vc. Absurdo das “normas” que apuram a nossa linguagem
NOVA ERA: Em sua opinião, qual a contribuição do hábito de ler para a produção de texto?
Professor Leônidas: Como me reportei em pergunta anterior, quem não tem o habito de ler, não consegue adquirir argumentos. E o texto produzido é o resultado de uma fundamentação contra ou a favor de certo tema a ser defendido. Só se escreve bem que lê. Não concebo nenhum produtor de texto sem antes tê-lo conhecido como um assíduo e excelente leitor. Uma bivalência deve coexistir entre ler e escrever. Sem esta dicotomia, sem esta aferição pela língua portuguesa, confesso, não acreditar no “letramento” que estão fazendo de conta. E chamo aqui a atenção aos que se chamam de leitores: Ler é um ato de amor próprio. Se eu me deparo com um texto de qualquer escritor e apenas decodifico o que está escrito, eu não li o texto. Para ser chamado de leitor, faz-se necessário que entendamos, interpretemos as entrelinhas, a mensagem e decodifiquemos o que o escritor nos deixou em cada capítulo, em cada parágrafo. Enfim, em toda a sua obra.
NOVA ERA: Qual a relação existente entre a língua falada e a linguagem que se escreve?
Professor Leônidas: a língua falada é a expressão dos nossos sentimentos que, através dos sons silábicos se transformam em palavras. Todavia, a linguagem escrita já e o resultado do que pensamos e do que falamos. Lutamos contra forças aparentemente hostis da imensa projeção visual e sonora, que apostam o educando do processo tradicional da linguagem que se escreve.
NOVA ERA: O conceito utilizado pelos gramáticos com a relação concepção da língua, quando ressalva uma variedade lingüística (língua padrão ou norma culta). Você considera essa definição preconceituosa, excludente por não levar em conta as outras formas de falar que são consideradas erradas e não pertencentes à língua? Por quê?
Professor Leônidas: Certamente que sim. Sabemos que cada região tem a sua própria linguagem e deve ser respeitada. Todavia, o que não devemos é excluir o uso da norma culta no momento certo. Enquanto estivermos nos comunicando; enquanto houver um signo lingüístico compreendido; enquanto houver um receptor e emissor emitindo a comunicação através de signos lingüísticos, não concebo a exclusão e não considero erro, mas alerto nem sempre a linguagem, mesmo a popular, pode ser encarada como a comunicação correta. Serei redundante. Basta sentir o sentimento de quem fala para quem escreve.
NOVA ERA: o estudo da língua ou estudo gramatical em termos de leitura e escrito pertence somente ao professor de Língua Portuguesa?
Professor Leônidas: Absolutamente que não. Fosse assim, o professor de matemática não redigiria enunciados de questões, aonde o aluno para emitir sua resposta depende da redação desta e conseqüentemente de sua leitura e interpretação. Quanto aos professores responsáveis pelas matérias consideradas decorativas, precisam buscar na interpretação, ensinar aos alunos não somente decorar ou decodificar conteúdos, e sim propor questionamentos dos fatos lidos e em conseqüência sua reprodução, fazendo valer a verdadeira produção textual. É uma pensa saber que muitos professores dessas disciplinas tidas como decorebas, a saber, história, geografia e ciências não tenham esse pensamento.
NOVA ERA: De que maneira a gramática deve ser ensinada para que gere motivação e aprendizagem significativa?
“Professor Leônidas: A priori, não devemos “ensinar” a gramática”. O que devemos é estimular o educando a “estudar” a gramática. Pelo fato de ser complexa, com mais exceções do que regras. Assim sendo, o aluno estudando, aprende e não decora. E a nossa língua portuguesa está sendo alvo de decorebas por muitos professores que repassam este comportamento aos alunos que estão em formação. A gramática deve ser estudada, contextualizada. O que aprendemos, por exemplo, na análise sintática, quando falamos que o sujeito é todo ser que pratica uma ação. Em relação ao verbo da oração, estamos subtraindo o valor da gramática, porque depois desse conceito, normas e/ou regras nenhum texto é colocado para o educando, a fim de que ele possa identificar o sujeito em ação contínua no contexto do pensamento do autor da frase.
NOVA ERA: Sua opinião sobre a Gramática Normativa.
Professor Leônidas: Os estudos lingüísticos sérios e imparciais aplicados no Brasil, fazem-nos concluir que a nossa língua nacional é a portuguesa, com pronúncia nossa, mesmo com leves divergências sintáticas em relação ao idioma na atualidade e vocabulário enriquecidos por elementos indígenas e africanos e pelas criações e adoções realizadas em nosso meio. Podemos afirmar que, a história de nossa origem é a base fundamental da nossa formação de povos civilizados, nos permitindo conceituar que a gramática normativa é todo o estudo da nossa língua com parâmetros de normas/regras que conceituam a “ultima flor do Lúcio, inculta e bela”... Como nos lembra o poeta parnasiano, Olavo Bilac.
Professor Leônidas: Por isso digo, Cultivemos a nossa língua. “Todos temos o dever de exprimir com suficiente clareza e correção”. A linguagem merece o nosso culto como um dos elementos mais eficientes da unidade nacional que tanto prezamos. Demais é da própria conveniência de todos nós sabermos falar e escrever com facilidade, o que vem a contribuir para a obtenção do que pleiteamos na vida prática. Mas creio que para falar e escrever bem, não é necessários artifícios, acima de tudo deve pairar a simplicidade servida pela correção e pela propriedade que temos. Para trazer a impressão que sempre estamos falando e escrevendo bem, não devemos, igualmente, recorrer à linguagem dos clássicos, que claro não podemos usar para as necessidades verbais de atualmente. As línguas estão presas às sociedades a quem servem. Devemos sim, aprender a língua do nosso tempo, que diariamente se enriquece, se alimenta e se transforma ao saber dos professores da vida contemporânea.

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