quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

RESPOSTA A CARTA DE RUBENS ALVES

Essa foi umas das primeiras atividades que mais gostei durante o curso na FTC -Ead, solicitada na disciplina Aspectos Sócio Políticos da Educação no I periodo

Lucélia Vieira de Britto Ribeiro

Brasília, 20 de agosto de 2006.

Caro Senhor Rubem Alves

Eu tenho um sonho: Ajudar todos os brasileiros a realizarem seus sonhos. Você tem sonhos e milhares de pessoas espalhadas nesse mundo a fora também os tem.
Inicio falando para você que, apesar de ser Presidente da República e sabendo que não estas familiarizado com as etiquetas da corte, como assim o Senhor refere-se as regras de etiqueta social no que toca as formalidades, por conta do cargo que ora ocupo na sociedade, serei bastante pessoal, usando uma linguagem de pessoa para pessoa sem formalidades ou rigores.
Ter sonhos, nos coloca a realizar reflexões e até ensinamentos, como os deixados por Jesus Cristo, quando em suas palavras de fé, perseverança e apoio. Testemunhos que mostra como vale a pena viver e lutar por aquilo em que se acredita e que a fé consegue nos colocar frente a soluções de problemas. Já tive um sonho realizado, pois sempre busquei na minha luta política, chegar a presidência do meu país. Agora, pretendo ajudar todos os brasileiros a realizar seus sonhos.
Quero lhe dizer que estar atuando como Presidente da República e dirigir o destino de um país é ter olhos a todos os seus setores, sejam eles físicos, morais ou sociais. Posso lhe dizer com firmeza, que mesmo com essa reeleição, quatro anos é muito pouco para ter concretizado um programa de governo. Somos engessados por orçamentos votados no legislativo e que muitas vezes sofrem as alterações e/ou sabotagens daqueles que insistem em ir contra a liberdade e desenvolvimento do povo, colocando os seus interesses pessoais sempre à frente.
Imagine, você, que aqui dentro desse concreto armado, projetado e construído pelo grande arquiteto Oscar Niemeyer o frio e a ausência de janelas me impedem de sentir pelo menos a aura da manhã a céu aberto. Sinto-me muitas vezes dentro de um presídio, mesmo sendo homem livre que sou, com direitos, às vezes até mais que outros de poder ir e vir.
No exercício de meu trabalho como administrador nacional, lembro das leituras feitas de grandes educadores e em especial, sobre o sociólogo Emile Durkheim, que enfatizava a sociedade como promotora de padrões sociais, e que as gerações maiores deveriam preparar as menores, ou sejam, as crianças deveriam ser preparadas para sua formação de valores, centradas no seu caráter e formados por nós pessoas adultas, e nós falhamos. Já outros, como os filósofos, tinham idéias que o poder das lutas de classes, afirmavam que a construção da sociedade se daria através do setor produtivo, e hoje vemos o quanto apesar de tantos estudos e reflexões por grandes homens vividos dentro da história de nosso país, ainda discutimos muito sobre esses valores morais, culturais, capitalistas e tantos outros.
Nos meus sonhos, muitos acreditam, ter um caminho palpável, que pode levar o povo a viver numa sociedade mais justa. O mesmo povo que eu dirigo, e que não deixa de sonhar, apesar da mídia exibir programas com situações apelativas que só buscam retorno financeiro para os bolsos dos seus respectivos apresentadores, achando eles, que esses programas, o farão viverem em dias melhores, puro engano.
Tenho certeza que um líder político precisa administrar o povo que o elege e que insiste em sonhar, mesmo com situações constrangedoras e saber que eles têm uma grande força nas mãos, que não é o voto, mas a sua força e confiança. Ainda que o sistema social esteja em verdadeira crise, eu acredito no bom político. Digo ao Senhor, o povo vota nos bons políticos, mas esquece de realizar suas cobranças, e aí muitos políticos fazem o mesmo, esquecem de realizar obras para o povo que o elegeu.
Creio também que um verdadeiro mestre não entrega sonhos, ele motiva as pessoas a correrem atrás deles, como diz o ditado “quero ter saúde, o resto corro atrás”. Todavia, assim como Jesus Cristo que formou grandes pensadores e personalidades, seus apóstolos, e ainda foi traído, eu, Presidente, não sei muitas vezes em quem confiar. As traições vão aparecendo a cada dia, e as vezes desfalece minhas forças, que tento buscar mais, tanto no meu interior como externamente.
Concordo com você, quando diz que o líder é a pessoa que, nos sonhos das pessoas, transforma suas palavras em gestos. Mas lhe digo, que essas pessoas devem ter o domínio e a lógica da situação, para que futuramente saiba que seu conhecimento sobre a sua vida, baseia-se no seu passado.
Em nossa história existiram e ainda existe vários líderes, como eu e o senhor escritor. Dos que hoje já não se encontram presentes em pessoa físicas no nosso meio social, cito grandes lutadores pelos ideais difundidos, como: John Kennedy, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, e imagine você, até Adolph Hitler foi um líder, com seus ideais de pureza e limpeza, conseguindo seu espaço, mesmo exterminando milhares de pessoas.
Vou falar agora sobre ações, que enquanto presidente tenho de desenvolver, ajudando a construir nas instâncias administrativas e nas responsabilidades civis o país que sonhamos juntos. Tenho promovido o direito à liberdade e trabalhado para resgatar acima de tudo a dignidade humana, tão desfacelada pelo nosso sistema econômico.
Infelizmente, não posso considerar meu trabalho a partir de suas abstrações, pois preciso pensar no coletivo, sem trazer as individualidades à tona, se tivesse que lidar somente com os sonhos, como os poetas, nada seria concretizado, a minha carreira política e o desenvolvimento social que venho promovendo. Os poetas estão aí para nos oferecer conforto espiritual e emocional em seus escritos, que são valorosos para a condição humana.
Preciso investir, sim, na educação, para que as mudanças ocorram melhorando as condições de sobrevivência humana do meu povo, que clama por moradia, salários dignos, comida na mesa, saúde pública. O senhor sabe, pois, lê diariamente em noticiários, que o problema da desigualdade social é deveras gritante. Preciso, através de uma educação de qualidade oferecer melhorias as nossas crianças e jovens. Os educadores devem receber salários e condições dignas de trabalho para que não fiquem tão desgastados com a sobrecarga de serviços, precisando às vezes até de tratamentos psicológicos, por conta do desgaste físico com que convivem diariamente. Tenho certeza que se consegui modificar a educação do meu país obterei resultados benéficos para todos os setores da sociedade.
São muitos os problemas, veja, que tenho ainda para lidar, como o meio ambiente que clama por socorro cada dia que passa, preciso conscientizar grandes empreendedores que teimam em poluir a nossa natureza. Se ela não for preservada, provavelmente seremos exterminados.
Digo-lhe, com tristeza, mas com perseverança, que como administrador tenho que realizar inúmeras obras para atender a sociedade, mas, mesmo sendo presidente, meu poder é limitado. Preciso de apoio sempre e, muitas vezes, não encontro nem nos correligionários políticos, nem nos poetas. Sei também que nem todas as decisões feitas por mim serão acertadas, contudo tenho que tentar.
É, senhor escritor, é muito difícil estar em minha posição. Não posso mais criar um povo, pois já os tenho, com seus temores, angústias, visões diferentes de mundo, sonhos e ideais. Mas, tenho certeza de uma coisa: apesar dos sonhos serem utópicos, quero ver o povo que dirijo Feliz.


Lucélia Vieira de Britto Ribeiro.
Presidente da República


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ARANHA, Maria Lúcia Arruda.História da Educação. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 1996.
CURRY, Augusto. O Mestre Inesquecível. São Paulo: Academia de Inteligência, 2003.
GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. 8ª ed. São Paulo: Ática, 2002.
Site na Internet: www.releituras.com.br. Acesso em 10/08/2006

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