sexta-feira, 19 de março de 2010

REFLETINDO SOBRE AS TEORIAS ESTUDADAS: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: mAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM



Trabalho realizado na disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica VI - Curso: Letras

Lucélia Ribeiro

DIALOGANDO COM OS TEMAS TRANSVERSAIS


“Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo.”

Paulo Freire


Realizar um diálogo entre as teorias estudadas nas disciplinas referentes às praticas pedagógicas e, por conseguinte nas atividades desenvolvidas nas disciplinas de Estágio supervisionado I e II é reportar-se ao vários conceitos estudados e a partir daí a efetivação da construção dos conhecimentos apresentados e atrelar uma relação entre essas teorias e (re) formular reflexões e através delas efetivar a construções de diálogos que ampliem a nossa vivência de aluno ao longo das diversas disciplinas no decorrer do curso de letras na Faculdade de Tecnologia e Ciências.


Falarmos no papel da educação que está instalada em nossa prática é realizarmos um retrospecto da educação ao longo de seu contexto histórico, desde a educação nas sociedades tribais onde as crianças aprendiam sem a necessidade de alguém para ensinar, imitando os gestos dos adultos, até a chegada do grande marco da educação que foi a apresentação dos pilares básicos, essenciais a nova educação que aparece no relatório Educação, um tesouro a descobrir, coordenado por Jacques Delors, na Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI.
Sabendo que a educação é o elemento chave na construção de uma sociedade baseada na informação, no conhecimento e no aprendizado, os estudos e as pesquisas realizadas sobre o papel da educação que abordam as principais correntes e fundamentos sociológicos, filosóficos, históricos e psicológicos e suas contribuições no campo educativo, reporta para a docência reflexiva quanto à construção política e pedagógica do processo educativo, auxiliando na construção crítica e no olhar investigativo do professor pesquisador, para ampliação do seu conhecimento no uso das novas tecnologias da informação e comunicação.
A educação atual nos prepara na condição de estudantes para formação de atitudes na qual, sejamos capazes de efetivar mudanças ao nível emocional e intelectual compreendendo que a educação na contemporaneidade necessita de metas educacionais bem elaboradas, culminando em aprendizagens e mudanças nas estratégias de ensino, observando que a educação tem o papel da construção do caráter do ser humano e a sua conduta ética na sociedade nos assuntos abordados nas disciplinas durante o curso de graduação.
Entendendo que no mundo atual a educação ainda é muito discutida e se analisarmos claramente perceberemos que buscamos uma melhor relação entre a educação e a sociedade, já que são intrinsecamente ligadas. E ao questionarmos o papel da educação, queremos também ver e saber qual o verdadeiro papel da sociedade, visto que os objetivos tanto da sociedade como da educação não podem ser vistos separados e sim ligados, pois entendemos a educação como um recorte da sociedade.
A partir dessas considerações entendemos que a educação deve buscar a moral, a construção do caráter e a busca da conduta para o ser humano, fazendo como que estes princípios possam ser parte integrante da sociedade em que convive, e não ficar a mercê dela. Outro tema bastante propício que discorreu através de uma leitura sobre a importância da formação do leitor atentando para uma leitura crítica, investigativa e reflexiva sobre a importância da Gestão Escolar e a construção do Projeto Político Pedagógico da Escola.

No entendimento de Lúcia Klein (2008), a gestão democrática na escola pública é aquela que concilia a dimensão ética, política e técnica no fazer pedagógico, que é a essência do seu trabalho.
Nesse entendimento, a gestão se processa como articuladora para a formação profissional do educador e do educando, oferecendo conceitos ligados à pedagogia de projetos e sua contribuição para a construção da cidadania.
A formação do professor investigativo e reflexivo alerta-nos para a importância da incorporação à ação pedagógica aos aspectos sociais, políticos e educacionais que virão contribuir para a ampliação de visão da escola, do homem e do mundo.
Desse ponto adentrando no cotidiano da sala de aula esse tema nos coloca a frente da compreensão em conhecer os princípios e os aspetos legais da gestão escolar, trazendo reflexões sobre a grande complexidade do ambiente escolar, assim como reconhecermos a importância da construção e execução do Projeto Político Pedagógico, como suporte essencial para nortear as ações do trabalho educacional.


Conforme Gandim (1999, p.66)


Uma grande tarefa da escola é a formação de um aluno que seja sujeito de seu processo de aprendizagem e, posteriormente, da sociedade; partindo do pressuposto, porém, que a grande força do neoliberalismo provém de sua grande capacidade de romper com o coletivo e reforçar a busca individual da excelência, uma das principais reações da escola tem que ser trabalhar com a noção de solidariedade

Nesse sentido existem necessidades de interação entre o processo pedagógico e o administrativo, evidenciando que cada um fique com seus significados, já que as efetivas mudanças no processo de gestão escolar dependem de conhecimentos que incorporados, nas ações coletivas e na co-participação de uma equipe, requer, segundo Vasconcelos (2008), articular o projeto político pedagógico como um desafio constante a ser enfrentado pelos educadores e o resultado do sucesso dessa inter-relação é uma escola pública de qualidade democrática.
A partir desse entendimento, o Projeto Político Pedagógico é um elemento que se constitui na coletividade e participação no ambiente escolar, resgatando o sentido humano, cientifico e libertador do planejamento, pois numa concepção organizacional, já não se pode mais centralizar o poder nas mãos do gestor e sim envolver outros autores que estão inseridos na comunidade escolar.
Os conhecimentos aprendidos foram de grande multiplicidade, a saber, as concepções e olhares sobre o livro didático que encontramos nesse elemento como um norteador relevante na construção de aprendizagens significativas essencial, mas pouco privilegiado em sala de aula.
Entendemos que o livro didático tem sido um principal recurso, mas não o único que os professores e alunos de línguas possam fazer uso em sala de aula para as atividades de ensino e da aprendizagem formal nas referidas disciplinas.
O Ministério da educação, através da PNLD oferece subsídios para escolha, porem nem sempre o escolhido é o que atende e/ou atenderá as expectativas da clientela naquele momento.
O livro didático não define currículo nem deve ser o único instrumento de trabalho em sala de aula, trazendo um entendimento primordial a escola que o que se encontra escrito no livro didático não é tudo o que o professor deve ensinar, mas sim utilizar como suporte para efetivação de melhorias de aprendizagem em sala de aula ou fora dela.
Destarte também para a ética na formação do educador. Segundo a determinação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, a Ética é responsabilidade de todos os professores e constitui um dos temas transversais que devem perpassar todos os conteúdos de ensino em uma escola, em todos os níveis
Por isso a ética é retratada com significativos especiais para a vivência no mundo globalizado em seus múltiplos aspectos, em meio a abalos e desordens, que desobedecem à ética, sendo esta atingida a cada dia numa enorme “desordem moral”, como diz MacIntyre (1984), pois percebemos em meio a crises diárias que esta perdeu seu real significativo, perdendo seu lugar para valores até então desconhecidos, porem valorizados pelos seres humanos.
Perante esta constatação é imprescindível que busquemos compreender verdadeiramente qual o papel do Educador nesta sociedade e como sua formação ética é importante para a construção de novos valores numa sociedade, digamos assim com seus aspectos éticos significativamente abalados, inclusive por crises constantes na educação. É necessário, pois que a formação do educador seja uma preocupação constante nas discussões educacionais.
Consolidando por todos os contextos podemos conceituar Ética como uma área do saber à qual corresponde o estudo dos juízos de valor referentes à conduta humana, seja tomando por referência as regras de conduta vigentes numa determinada sociedade ou tomada de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar. Assim, a Ética pode ser entendida como relativa à moralidade, como avaliação dos costumes, deveres e modos de proceder dos homens para com os seus semelhantes.
Entendemos que o homem não nasce ético, mas reconhecemos que sua estruturação ética vai acontecendo juntamente com seu desenvolvimento. É válido lembrar que o docente tem um papel de fundamental importância na formação de cidadãos críticos e reflexivos, exercendo um papel competente e ético, aliando a criatividade, reflexão, coragem, e entender que fazer não se constitui no todo, mas querer fazer é acreditar em si mesmo e afirmar sobre suas reflexões que é possível realizar significativas mudanças.
As competências e habilidades propostas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) permitem inferir que o ensino de Língua Portuguesa, hoje, busca desenvolver no aluno seu potencial crítico, sua percepção das múltiplas possibilidades de expressão lingüística, sua capacitação como leitora efetivo dos mais diversos textos representativos de nossa cultura.
Para além da memorização mecânica de regras gramaticais ou das características de determinado movimento literário, o aluno deve ter meios para ampliar e articular conhecimentos e competências que possam ser mobilizadas nas inúmeras situações de uso da língua com que se depara na família, entre amigos, na escola e no mundo do trabalho.
Na esteira dos novos paradigmas da atual política educacional brasileira que busca democratizar mais e mais o acesso à escola tornando-a parte ativa do corpo social – o ensino da língua materna deve considerar a necessária aquisição e o desenvolvimento de três competências: interativa, textual e gramatical.
Esse tripé, necessariamente inter-relacionado, mesmo não sendo exclusivo da disciplina, encontra nela os conceitos e conteúdos mais apropriados.
Outro fator que merece ressalva é com referencia aos planos de aula, que são executados conforme o plano de unidade e de curso, e a depender da necessidade, estes eram modificados, a fim de atender a clientela de alunos mais precisamente em seus estudos e desenvolvimento de suas habilidades e competências.
Ainda segundo, os PCNEM, a nova escola não há de ser mais um prédio, mas um projeto de realização humana, recíproca e dinâmica, de alunos e professores ativos e comprometidos, em que o aprendizado esteja próximo das questões reais, apresentadas pela vida comunitária ou pelas circunstâncias econômicas, sociais e ambientais. Mais do que tudo, quando fundada numa prática mais solidária, essa nova escola estará atenta às perspectivas de vida de seus partícipes, ao desenvolvimento de suas competências gerais, de suas habilidades pessoais, de suas preferências culturais.
Parte do que foi sintetizado acima, resume um aprendizado da nova escola brasileira, não como receita para ser seguida sem espírito crítico, e sim como sugestão do que fazer para criar o novo.
Nesse processo de construção dos conhecimentos através das disciplinas que se idealizaram em essencial para a formação de opinião e idéias sobre a escola, as atividades realizadas no período que antecederam a prática docente aliada as etapas observatórios e co-participativas se constituiu numa etapa importante para levar o estudante de graduação a conhecer, intervir, aplicar seus projetos e planos de ação na escola, não dependendo apenas dele para a efetivação dessas atividades, mas de todos os envolvidos no processo durante as atividades relacionadas ao estágio supervisionado.
Entendemos que a construção do conhecimento é um processo interativo e, portanto social. Nessa interação são transmitidas e compartilhadas experiências oferecendo suporte para práticas pedagógicas eficazes.
Enfim, os PCEM, o que se deseja, afinal, são professores reflexivos e críticos, ou seja, professores com um conhecimento satisfatório das questões relacionadas ao ensino e à aprendizagem e em contínuo processo de autoformação, além de autônomos e competentes para desenvolver o trabalho interdisciplinar levando a compreensão que exercer a docência é pensar em estar sempre à frente nas inovações educacionais, para atendimento aos novos paradigmas da atual política educacional brasileira.
Os desafios e dificuldades com o Ensino da Língua se apresentaram ao longo do tempo e essas dificuldades, a partir dos diversos olhares do cotidiano, nos trazem a realidade, sendo necessário que o conjunto escola tenha conhecimento a despeito da língua e de outros fatores que possam consolidar na prática, o desenvolvimento dos alunos, focando aspectos intelectuais e sociais na área de linguagem, para que as ações educativas sejam reconhecidas através desse instrumento como viável para a ampliação de conhecimentos de todos.
Nos conceitos abordados nas concepções do ensino da língua em sua prática pedagógica, nos apropriamos da histórica do ensino dessa Língua e sua inserção na pratica em sala de aula, aliando a eles, procedimentos didáticos, que contextualizados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, coloca o docente como inovador de ações educativas na sala de aula.
Vários estudos mostram concepções e definições sobre a língua e suas propriedades para o ensino desta de forma coerente e adequada.
Bakhtin (2002) valoriza a fala e afirma sua natureza social, e não individual onde estão ligadas as condições da comunicação perante as estruturas sociais. Esses argumentos conflitam-se com o de Saussure quando o mesmo então não considera a língua um fato social, mas um objeto ideal rejeitando as manifestações orais e individuais.
Na verdade, com este confronto, a língua domina e não é dominada, isto porque, a falta de argumentos para enfrentar os falantes é o que se torna subjetivo aos contrastes das fala/língua.
Destarte afirmar que ensinar Língua é desenvolver um trabalho de "linguagens" que leve o aluno a observar, perceber, inferir, descobrir, refletir sobre o mundo, interagir com seu semelhante, por meio do uso funcional da linguagem, e que esta o faça refletir a língua na sua posição histórico-social, levando-o aluno a perceber, consciente ou inconscientemente, as marcas de sua ideologia, que estão subjacentes ao seu discurso, seja ele oral ou escrito.
Nisso vem à preocupação com relação à promoção do desenvolvimento da aprendizagem no contexto da pesquisa e da nossa prática, enfatizando o planejamento curricular e a formação do educador como eixos importantes para os princípios e fundamentos da educação e valorização dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Devemos construir e evidenciar no processo avaliativo do aluno, que ele seja avaliado em suas habilidades e competências a serem desenvolvidas a cada atividade e não na sua totalidade, apenas como mero instrumento de notas quantitativas.
Os estudos no decorrer do curso de graduação foram válidos em todos os sentidos, até os que mostraram expectativas negativas para o aprendizado, porém entendemos que os erros apontam para acertos posteriores.
Partindo desse pressuposto e entender que ensinar não é transferir conhecimentos e conteúdos para meramente formar o cidadão, mas sim uma ação à qual o sujeito dá forma e estilo, não se reproduzindo à condição de objeto um do outro – quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender, indagamos agora sobre um ponto crucial nas nossas atividades do percurso do curso de graduação, a interação entre alunos e professores e a construção do conhecimento em sala de aula através do dialogo permanente entre as partes.
O ser humano é um agente em permanente transformação, e o mundo é seu espaço de indagações, vivências e aprendizados constante. Por essa razão o desenvolvimento da sua aprendizagem importa compreensão na elaboração e execução de seus saberes em sua evolução. Nesse sentido a sociedade tem um conceito de desenvolvimento social, político e cultural, focalizando que o ser humano é passível a várias mudanças ao logo da evolução humana.
O ser humano é ao mesmo tempo singular e múltiplo. Dissemos que todo ser humano, tal como ponto de um holograma, traz em si o cosmo. Devemos ver também que todo ser, mesmo aquele fechado na mais banal das vidas, o constitui próprio um cosmo. Traz em si multiplicidades interiores, personalidades virtuais, uma infinidade de personalidades quiméricas... Cada qual tem em si galáxias de sonhos e fantasmas (MORIN, 1993: 57).

As aprendizagens construídas através dos conceitos aprendidos foram significativas para a evolução da caminhada profissional que pretendemos abarcar enquanto docentes no Ensino Fundamental II e Ensino Médio. É essencial que a principio tenha sentido diferenças perceptíveis e cabíveis ao momento em que estava vivenciando uma prática diferente da que tenho no meu dia a dia. Digo isso por estar à frente de salas de educação fundamental I (1ª a 4ª séries).
A princípio, essas dificuldades foram se apresentando, uma aparentemente forte, foi à inquestionável indisciplina que sempre focava os mesmos alunos. E uma das preocupações era que esses alunos tinham muitas dificuldades com a leitura e a escrita, e também em estabelecer um convivo fraterno e harmonioso com seu professor em sala de aula.
Em dias atuais se deparar com uma sala de aula de ensino fundamental II, com clientela heterogênea e um fator que deve ser aliado a muitos outros fatores, inclusive os externos como, por exemplo, a questão da instituição família, moradia, classe social, as novas tecnologias e outros fatores determinantes que muitas vezes dificultam a relação de ensino aprendizagem.
É fácil perceber que aprendizagem em uma sala de aula depende de outros fatores, inclusive os emocionais, que são bem visíveis pelas evidências bem características durante as aulas, dificultando as abordagens para a melhoria das dificuldades de aprendizagem do aluno e também sua interação com o professor, sendo que este será ou seria seu melhor aliado para sanar essas dificuldades.
Um fator que considero de bastante relevância para o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem é o fator cognitivo, definidos em sala de aula diariamente. É importante e devem ser levados em consideração, pelo fato dos alunos estarem em idade ou fase de adolescência ou ainda em séries adiantadas. Muitos pais, professores, escola e a própria comunidade, não entendem que estes necessitam de tratamentos afetivos, por todas as circunstâncias sociais a que muitas vezes são submetidos, provocando rupturas na própria auto - estima desse alunado.


MAPEAMENTO DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM

Entendemos que a partir dos conteúdos trabalhados nas disciplinas teóricas, a condição do profissional “professor” no exercício da docência tem de aplicar práticas dinamizadoras, que tragam efeitos diferenciados no ensino e na aprendizagem dos nossos alunos, ajudando-os a serem cidadãos críticos e atuantes na condição de pessoas transformadoras na sociedade, oferecendo destaque e importância nas suas transformações, e ver que esses alunos estarem se colocando na sociedade no século atual e em séculos futuros, não como meros cidadãos, mas como pessoas que tem uma visão de mundo ampliada para alçar seus ideais de futuro.
Entendemos que os conceitos ligados a prática reflexiva surge como um modo possível dos professores interrogarem as suas práticas de ensino, e que essas reflexões abrem um leque de oportunidades para retornarmos a atividades consideradas ineficazes e efetivarmos práticas que atendam aos objetivos de uma educação traçada em idéias questionadoras e dinamizadoras nas suas atividades. Quando enfocamos a expressão “prática reflexiva” esta inevitavelmente se confronta a investigação de nossas praticas diárias em sala.
O desenvolvimento profissional dos professores ocorre ao longo da profissão. Evidencia-se nesse processo a participação de vários e complexos fatores pessoais e profissionais, entre eles, a construção da autonomia, a relação com o grupo de iguais, as escolhas, as experiências e vivências pessoais e profissionais. Logo, é um processo contínuo que se produz ao longo da trajetória formativa do professor e está inserido em um projeto de vida, o qual cada professor é sujeito participativo e responsável por seu crescimento ou por sua estagnação.
Nesta perspectiva, a reflexão permite a reconstrução da prática, possibilitando o crescimento pessoal e profissional do professor, já que o instiga a buscar novas formas de pensar e agir a partir das diversas situações vivenciadas no ambiente escolar. O professor possui saberes, oriundo de sua prática, de sua construção intelectual, enfim de sua história de vida. Também os alunos em formação inicial, possuem seus saberes inerentes à maneira de ser, conseqüentes das experiências vivenciadas ao longo de sua trajetória educativa. Esses saberes pessoais e profissionais, enquanto formação inicial é saberes que se aplicam e se modificam nas práticas de ensino.
A representação da prática docente numa perspectiva metacognitiva e crítica ao tecemos nossas reflexões e propusermos discussões sobre o exercício da docência a partir de experiências anteriores à graduação que é capaz de influenciar na construção de nossas próprias teorias referente à profissão, tomou como base pensamentos sobre ações praticadas no período de docência e suas decorrências rotineiras, analisando suas circunstancias e tomadas de decisões no processo ensino aprendizagem, não deixando de trazer o pensamento da escola e suas condições sociais.
“Um educador, que se preocupe com que a sua prática educacional esteja voltada para a transformação, não poderá agir inconsciente e irrefletidamente. Cada passo de sua ação deverá estar marcado por uma decisão clara e explícita do que está fazendo e para onde possivelmente está encaminhando os resultados de sua ação.

A avaliação, neste contexto, terá de ser uma atividade racionalmente definida, dentro de um encaminhamento político e decisório a favor da competência de todos para a participação democrática da vida social”. (Luckesi, 1984: 46).

Partindo desse ponto dessa afirmação concebemos que o professor é um profissional cuja especificidade de sua a arte é ensinar. Para isso, deve ter em suas atividades formativas iniciais momentos privilegiados para apreender um conjunto de habilidades, conhecimentos e requisitos que são essenciais para o exercício de sua função. A isso, o autor dá o nome de profissionalidade e dessa conquista serão derivadas outras duas etapas de sua formação: a profissionalização e o profissionalismo.
Assim como Luckesi, Libâneo (2001, p. 65), afirma que ,


Se o professor perde o significado do trabalho tanto para si próprio como para a sociedade ele perde a identidade com a sua profissão. O mal-estar, a frustração, a baixa auto-estima, são algumas conseqüências que podem resultar dessa perda de identidade profissional.


Defende que para garantir a profissionalidade docente, o ensino como atividade específica do professor e da escola, a busca por melhor formação e condições de trabalho e pelo retorno do significado social do ser professor deve simultaneamente atentar para as suas atividades formativas e de docência como essencial na formação continuada, já que é no contexto do trabalho docente que a identidade do professor se consolida fundamental para a compreensão dos fatos históricos e para a sua articulação com a história/realidade presentes, uma vez que o presente é fruto da dinâmica dos acontecimentos históricos presentes no passado.
Em décadas anteriores, acreditava-se que, quando concluída a graduação, o profissional estaria apto para atuar na sua área o resto da vida, sem que este necessitasse de ações e formações contínuas para ampliação de seus conhecimentos. Inevitavelmente e por conta das constantes transformações no contexto educacional é visível que a realidade atual convoca o profissional docente para uma tomada de consciência que o leve a realizar suas próprias transformações, devendo estar consciente da importância crucial as formações permanentes que estão atualmente interagidas na escola no seu dia a dia.
Entendemos dessa forma que o profissional em docência não deverá ter e/ou mostrar abstinência no prazer pelos seus estudos e leituras que devem estar sempre evidenciados em sua trajetória a profissional, até porque esse prazer que o professor demonstre, ficará visualizado pelos alunos que assimilaram este gosto.
A isso chamamos de prazer em aprender no momento de ensinar com prazer. Os desafios desse profissional são inúmeros haja vista, que enfrenta grandes obstáculos sociais, inclusive financeiros, para almejar e manter-se atualizado em cursos/e ou capacitações formativas para aprimoramento, ampliação e desenvolvimento de suas práticas pedagógicas, efetivando-se a sua eficiência em apresentar novas atividades que contemplem sua atualização
As transformações sociais que se apresentam no ambiente educacional é que irão gerar transformações no ensino para a atualidade, pois apesar da importância dada as formações continuadas ainda observando claramente que os resultados da educação continuam sendo insatisfatório, o que vem colocar que as mudanças são necessárias nas práticas educativas, evidenciando, portanto, sua formação e sua prática para motivação de estudos freqüentes.
O movimento de reflexão coletiva poderá permitir ou não que o professor faça uma releitura de suas mediações pedagógicas. Caso essa reflexão aconteça, é significativo salientar que a mesma se dê preferencialmente no coletivo e através do compartilhamento de saberes e fazeres, que são traduzidos pelas competências e habilidades profissionais inter-relacionadas às efetivas práticas educativas realizadas no âmbito da profissão docente e que constituem o repertório de saberes (Pimenta, 2002).
Portanto, refletir possibilita ao professor a [re] significação constante de seus saberes e fazeres. O professor que reflete sobre o que faz, muda seu pensamento e suas ações frente aos alunos, reelabora sua maneira de ensinar e aprender através de diferenciadas formas de entender e praticar a profissão que lhe foi destinada.

6.0 – REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 7ª Ed. São Paulo: Hucitec, 1995.
BRASIL. Diretrizes Curriculares dos Cursos de História. MEC – Secretaria de Educação Superior: Departamento de Políticas do Ensino Superior, Brasília, 1999
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 8ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1998.
LIBÂNEO, José C. Formação de Professores e Nova Qualidade Educacional - Apontamentos Para Um Balanço Crítico. Educativa - Rev. Dep. Educação UCG, Goiânia - GO, v. 3, p. 43-70, 2000
LUCKESI, C. Avaliação educacional escolar; para além do autoritarismo. Tecnologia Educacional, Rio de Janeiro, ABT, 13(61): 6-15, nov./dez., 1984.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários a Educação do Futuro. São Paulo: Cortez, 2000.

PIMENTA, Selma Garrido e GHEDIN, Evandro (Orgs.). Professor Reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Cortez, 2002.

PRESTES, Maria Luci de Mesquita. A Pesquisa e a Construção do Conhecimento Cientifico: do planejamento aos textos, da escola à academia. 3ª ed., São Paulo: Rêspel, 2005.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

LUCÉLIA RIBEIRO

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